Apresentação

quinta-feira, 17 de abril de 2014

MEDITAÇÃO PARA SEMANA SANTA

Segundo as visões de Catharina de Emmerich.

Obs: Escolhi as visões, ao invés do evangelho, porque no livro citado há mais diálogos por ela relatado que não há no evangelho. Servem, portanto, de complemento ao evangelho, apenas, para quem quiser se aprofundar. O livro consta de inúmeros detalhes que infelizmente selecionarei para não ficar muito extenso.

7. Instituição da Sagrada Eucaristia

Por ordem do Senhor, o mordomo pusera novamente a mesa e colocara-a um pouco mais alto e no meio, coberto de um tapete, sobre o qual estendera uma toalha vermelha e em cima desta, outra branca, bordada a crivo. Por baixo da mesma pôs um jarro de água e outro de vinho.

Pedro e João, indo à parte da sala onde era o forno do Cordeiro pascal, buscara, o cálice que haviam trazido da casa da Seráfia. Transportaram-no solenemente, dentro do invólucro [...]
Desde os antigos tempos reinava o costume de partir o pão e beber do mesmo cálice no fim do banquete; era sinal de fraternidade e amor, usado por ocasião de boa vinda e despedida. [...] Jesus, porém, elevou esse uso à dignidade do Santíssimo Sacramento. Até então tinha sido somente um rito simbólico e figurativo. Pela traição de Judas foi levado ao tribunal também a acusação de ter Jesus juntado alguma coisa nova às cerimônias da Páscoa; Nicodemos, porém, provou com trechos da Escritura Sagrada, que esse uso de despedida era muito antigo.

O lugar de Jesus era entre Pedro e João. As portas estavam fechadas; tudo se fez com solenidade misteriosa. Depois de se haver tirado do cálice o invólucro e levado à parte separada da sala, rezou Jesus, falando num tom solene. Vi que lhes explicava todas as santas cerimônias da última ceia; era como se um sacerdote ensinasse aos outros a santa Missa.

Em seguida tirou da bandeja em que estavam os casos, um tabuleiro corrediço, tomou o pano de linho que cobria o cálice e estendeu-o sobre o tabuleiro. Depois o vi tirar do cálice uma patena redonda e pô-la sobre o tabuleiro coberto. Tirou então os pães que estavam ao lado, num prato coberto com um pano de linho e colocou-os na patena diante de si.

Os pães, que tinham a forma de um quadrilátero oblongo, excediam dos dois lados a patena, cuja borda, porém, permanecia visível na largura. Em seguida, puxou para si o cálice, tirou dele um copinho, colocando também os seis copos pequenos à direita e esquerda do cálice. Depois benzeu o pão ázimo e, creio, também os óleos, que estavam ao lado, levantou a patena, em que estavam os pães ázimos, com ambas as mãos, olhou para o céu, rezou e ofereceu-o a Deus, pôs a patena no tabuleiro e cobriu-a. Depois tomou o cálice, mandou Pedro derramar vinho e João derramar água, que antes benzera e juntou ainda um pouco de água, que colheu com a colherzinha. Benzeu o cálice, levantou-o, ofereceu-o, rezando e colocou-o no tabuleiro.

Mandou a Pedro e João derramarem-Lhe água sobre as mãos, por cima do prato em que anteriormente foram postos os pães ázimos e, tirando  a colherzinha do pé do cálice, apanhou um pouco da água que lhe correra sobre as mãos e espargiu-a sobre as mãos dos dois Apóstolos. Depois passou o prato em redor da mesa e todos lavaram nele as mãos.
[...]
Durante esse santo ato tornou-se Jesus cada vez mais afetuoso; disse-lhes que agora queria dar-lhes tudo que tinha: sua própria pessoa. Era como se derramasse sobre eles todo o seu amor e vi-O  tornar-se transparente; parecia uma sombra luminosa.

Orando com esse amor, partiu o pão nas partes marcadas, as quais amontoou sobre a patena, em forma de pirâmide. Do primeiro bocado quebrou um pedacinho com a ponta dos dedos e deixou-o cair no cálice. No momento em que o fez, tive a impressão de que a SS. Virgem recebeu o Santo Sacramento espiritualmente, apesar de não estar ali presente. Não sei agora como o vi; mas pensei vê-la entrar pela porta, sem tocar no chão e aproximar-se de Jesus, do lado desocupado da mesa e receber o santo Sacramento em frente dEle; depois não a vi mais. Jesus dissera-lhe de manhã, em Betânia, que celebraria  a Páscoa junto com ela, marcando-lhe a hora em que, recolhida em oração, devia recebê-la espiritualmente.

O senhor rezou ainda e ensinou; todas as palavras lhe saíram da boca como fogo e luz entraram nos Apóstolos, com exceção de Judas. Depois tomou a patena com os bocados de pão (não sei mais se a tinha posto sobre o cálice e disse: "Tomais e comei, isto é o meu corpo, que será entregue por vós." Nisso estendeu a mão direita como para benzer e, enquanto assim fazia, saiu dEle um esplendor, suas palavras eram luminosas e também o era o pão que se precipitou na boca dos Apóstolos, como um corpo resplandecente; era como se Ele mesmo entrasse neles. Vi-os todos penetrados de luz; só Judas vi escuro. O Senhor deu o Sacramento primeiro a Pedro, depois a João; em seguida fez sinal a Judas para aproximar-se; foi o terceiro, a quem deu o SS. Sacramento. Mas a palavra do Cristo parecia recuar da boca do traidor.[..] Jesus, porém, disse-lhe: "Faze já o que queres fazer" e continuou a dar o Santo Sacramento aos Apóstolos, que se aproximaram dois a dois, segurando alternadamente, em frente um do outro, um pequeno pano engomado, bordado nos lados, o qual cobria o cálice.

Jesus levantou o cálice pelas duas argolas até a altura do rosto e pronunciou as palavras da consagração sobre ele. Nesse ato ficou transfigurado e como transparente, parecendo passar tudo o que lhes deu. Fez Pedro e João beberem do cálice, que segurava nas mãos, colocando-o depois na mesa; João passou com a colherzinha o SS. Sangue do cálice para os copinhos, que Pedro ofereceu aos Apóstolos, os quais beberam dois a dois de um copo. Creio, mas não tenho absoluta certeza, que Judas também participou do cálice; não voltou, porém, ao seu lugar mas saiu imediatamente do Cenáculo. Como Jesus lhe tivesse feito um sinal, pensaram os outros que o tivesse encarregado de algum negócio. Retirou-se sem ter rezado e feito a ação de graças, por onde se vê como é mau retirar-se sem ação de graças,  depois de tomar o pão quotidiano ou o Pão Eterno.

Durante toa a refeição, eu tinha visto ao pé de Judas a figura de um pequeno monstro vermelho e hediondo, cujo o era como um osso desarmado e que às vezes lhe subia até o coração. Quando saiu da casa, vi três demônios cercarem-no; um entrou-lhe na boca, outro empurrou-o pra frente e o terceiro correu-lhe à frente. Era noite e eles pareciam alumiá-lo; Judas corria como um louco.

8. Instruções secretas e consagrações

Jesus deu ainda instruções secretas. Disse aos Apóstolos que continuassem a consagrar e administrar o SS. Sacramento, até o fim do mundo. Ensinou-lhes as formas essenciais da administração e do uso do Sacramento e de que modo deviam gradualmente ensinar e publicar esse mistério; explicou-lhes quando deviam receber o resto das espécies consagradas e dá-lo à SS. Virgem e que deviam consagrar também o SS. Sacramento, depois de lhes ter enviado o Divino Consolador.
[...]

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