Apresentação

quinta-feira, 17 de abril de 2014

MEDITAÇÃO PARA SEMANA SANTA

Trechos resumidos das visões de Anna Catharina Emmerich



A Última Ceia
1. Preparativos para a ceia pascal:
(Quinta-feira Santa, 13 de Nisan ou 29 de Março; Jesus na idade de 33 anos, 18 semanas menos 1 dia)
Anna Catharina Emmerich - Wikimedia
Foi ontem à noite que se efetuou em Betânia a última e grande refeição de Nosso Senhor e dos seus amigos, em casa de Simão, curado da lepra por Jesus e durante a qual Maria Madalena ungiu Jesus pela última vez. Judas, indignado com isso, ocorreu a Jerusalém, onde negociou ainda uma vez com os príncipes dos sacerdotes, para entregar-lhes Jesus. Depois da refeição, voltou Jesus à casa de Lázaro e uma parte dos discípulos dirigiram-se à albergaria, situada fora de Betânia. [...]

Na manhã em que os dois Apóstolos andaram por Jerusalém, ocupados com os preparativos da Páscoa, Jesus se despediu muito comovido das santas mulheres, de Lázaro e de sua Mãe em Betânia, dando-lhes ainda algumas instruções e exortações.

Vi o senhor conversar com a Virgem SS. separadamente; disse-lhe, entre outras coisas, que tinha mandado a Pedro, o representante da fé, e João, o representante do amor, para prepararem a Páscoa em Jerusalém. [...]

[...] Judas tinha ido novamente de Betânia a Jerusalém, sob pretexto de fazer várias compras e pagamentos. [...] O traidor premeditou todos os passos que carecia dar, para que pudesse sempre explicar a sua ausência; não voltou para junto de Nosso Senhor, senão pouco antes de comerem o cordeiro pascal.

Quando Nosso Senhor comunicou à SS. Virgem o que havia de suceder, pediu ela de modo tocante que a deixasse morrer com Ele. Mas Jesus exortou-a a que mostrasse mais calma na dor do que as outras mulheres; disse-lhe também que ressuscitaria e lhe indicou o lugar onde lhe apareceria.

5. A última ceia pascal

Jesus e os seus comeram o cordeiro pascal no Cenáculo,divididos em três grupos de doze, dos quais cada um era presidido por um chefe, que fazia às vezes de pai de família. [...] A imolação do cordeiro destinado a Jesus e aos Apóstolos foi uma cerimônia singularmente tocante. [...] Os Apóstolos e os discípulos estavam também presentes, cantando o salmo 118. Jesus falou então de uma nova época, que começava; disse então que se devia cumprir o sacrifício de Moisés e a significação do cordeiro pascal simbólico; o cordeiro devia por isso ser imolado do mesmo modo que o do Egito, do qual só então o povo de Israel sairia verdadeiramente liberto.

Os vasos e tudo o que era precioso, estavam prontos; trouxeram um belo cordeirinho, ornado de uma grinalda, que foi tirada e enviada à SS. Virgem, que ficara com as santas mulheres em outra sala. [...]
Durante este ato, lhes ensinou solenemente e disse, entre outras coisas, que o Anjo exterminador passaria ali; que fizessem, porém, a adoração naquele lugar, sem medo e inquietação, depois dele, o verdadeiro Cordeiro pascal, ter sido imolado; começaria um tempo e um sacrifício novo, que duraria até o fim do mundo.[...]

A princípio Jesus conversou muito amavelmente com os Apóstolos, enquanto ceavam; mas depois se tornou mais sério e triste. "Um de vós me atraiçoará, disse, cuja mão está comigo à mesma mesa." Jesus serviu alface, de que havia só um prato, àquele que lhe estavam ao lado; encarregou a Judas, que lhe ficava quase em frente, de distribui-la pelo outro lado, Os Apóstolos assustaram-se muito, quando Jesus falou do traidor, dizendo: "Um que está comigo à mesma mesa" [...]

6. O Lava-pés

Jesus, que estava no vestíbulo, deu ordem a João para tomar uma bacia e a Tiago o Menor para trazer um odre cheio de água, transportando-o diante do peito, de modo que o bocal pendesse sobre o braço. Depois de ter derramado água do odre na bacia, mandou que os dois O seguissem à sala, onde o mordomo tinha posto no meio outra bacia maior, vazia.

Entrando pela porta da sala, de forma humilde, Jesus censurou os Apóstolos em poucas palavras, por causa da discussão havida antes entre eles, dizendo, entre outras coisas, que Ele mesmo queria servir-lhes de criado, que tomassem os assentos, para que lhes lavasse os pés; Então se sentaram, na mesma ordem em que foram colocados à mesa, tendo sido os assentos dispostos em semicírculo. Jesus, indo de um a outro, derramou-lhes sobre os pés água da bacia, que João sucessivamente colocava sob os pés de cada um. Depois tomava o Mestre a extremidade da toalha de linho, com que estava cingido e enxugava-lhes os pés com ambas as mãos. Em seguida se aproximava, com Tiago, do Apóstolo seguinte. João esvaziava de cada vez a água usada, na grande bacia que estava no meio da sala e Jesus enchia de novo a bacia, com água do odre que Tiago segurava, derramando-a sobre os pés do Apóstolo e enxugando-lhos.



O Senhor, que durante toda a ceia pascal se mostrara singularmente afetuoso, desempenhou-se também desta humilde função com o mais tocante amor. Não o fazia como uma cerimônia, mas como ato santo de caridade, exprimindo nele todo o seu amor.

Quando chegou a Pedro, este quis recusar, dizendo: "Senhor, Vós me quereis lavar os pés?". Disse, porém, o Senhor: "Agora não entendes o que faço, mas entendê-lo-á no futuro," Pareceu-me que lhe disse em particular: " Simão, tens merecido aprender de meu Pai quem sou eu, donde venho e para onde vou; só tu O tens conhecido e confessado; por isso, construirei sobre ti  a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. O meu poder há de ficar também com os teus sucessores, até o fim do mundo." Jesus indicou-o aos outros, dizendo-lhes que Pedro devia substitui-lo na administração e no governo da Igreja, quando Ele tivesse saído deste mundo. Pedro, porém, disse: "Vós não me lavareis jamais os pés." O Senhor respondeu-lhe: "Se eu não vos lavar, não terás parte em mim." Então lhe disse Pedro: "Senhor, não me  lavareis somente os pés, mas também as mãos e a cabeça." Jesus respondeu: "Quem foi lavado, é puro no mais; não é preciso lavar senão os pés; Vós também estais limpos, mas não todos." Com estas palavras referiu-se a Judas.

Jesus, ensinando sobre o lava-pés, disse que era uma purificação das faltas quotidianas. porque os pés. caminhando descuidadosamente na terra, se sujavam continuamente.
Esse banho dos pés era espiritual e uma espécie de absolvição. Pedro, porém, viu nele apenas uma humilhação muito grande para o Mestre; não sabia que Jesus, para salvá-lo e aos outros homens, se humilharia na manhã seguinte até à morte ignominiosa da Cruz.


Quando Jesus lavou os pés de Judas, mostrou-lhe uma afeição comovedora; aproximou o rosto dos pés do Apóstolo infiel, disse-lhe muito baixo que se arrependesse, pois que já por um ano pensava em tornar-se infiel e traidor. Judas, porém, parecia não querer perceber e falava com João. Pedro irritou-se com isso e disse-lhe: "Judas, o Mestre fala-te." Então disse Judas algumas palavras vagas e evasivas a Jesus, como: "Senhor, tal coisa nunca farei."

Os outros não perceberam as palavras que Jesus dissera a Judas, pois falara baixo e eles não prestaram atenção, estavam ocupados em calçar as sandálias. Nada, em toda a Paixão, afligiu tão profundamente o Senhor como a traição de Judas. Jesus lavou depois ainda os pés de João e Tiago.


Jesus ensinou ainda sobre humildade, dizendo que aquele que servia aos outros era o maior de todos e que dali em diante deviam lavar humildemente os pés uns aos outros; tocou ainda na discussão sobre qual deles havia de ser  maior, dizendo muitas coisas que se encontraram também no Evangelho.

"Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque o sou. Se eu, sendo vosso Senhor e Mestre, vos laveis os pés, logo deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu disse, assim façais vós também. Em verdade, em verdade, vos digo: não é o servo maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis se também as praticardes.



Não digo isto de todos vós, sei os que tenho escolhido; mas é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: "O que come o pão comigo, levantará contra mim o calcanhar." Desde agora vos digo, antes que suceda; para que, quando suceder, creias que sou eu. Em verdade, em verdade vos digo: O que recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e o que me recebe a mim, recebe Aquele que me enviou." (Jo, 13, 12-20)

Jesus vestiu de novo as vestes. Os Apóstolos desenrolaram também as vestes, que antes tinham arregaçado, para comer o cordeiro pascal.
[continua...]

Fonte do livro: Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus. Cap. 2

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