Apresentação

domingo, 20 de abril de 2014

MEDITAÇÃO PARA SEMANA SANTA

Segundo as visões de Anna Catharina de Emmerich

9. Oração solene de despedida de Jesus

Não podemos deixar de inserir aqui as últimas palavras e ensinamentos tão profundos, que Jesus, no fim da ceia, dirigiu aos Apóstolos, com tanto amor e carinho e que nos foram transmitidos por S. João no seu Evangelho, caps. 14 a 17. Jesus disse:

"Não se pertube o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fora, eu vo-lo teria dito; pois vou a aparelhar-vos o lugar. E depois que eu for e vos aparelhar o lugar, virei outra vez, e tomar-vos-ei comigo, para que onde eu estiver, estejais vós também, para onde eu vou, sabeis vós e sabeis também o caminho." Disse-lhe Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais, e como podemos saber o caminho?" Respondeu-lhe Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis a mim, também certamente havíeis de conhecer meu Pai; mas conhecê-Lo-eis  bem cedo e já o tendes visto." Disse-lhe Felipe: "Senhor, mostrai-nos o Pai e isso nos basta." Respondeu-lhe Jesus: "Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me tendes conhecido? Filipe, quem vê a mim, vê também ao Pai. Como dizes logo: "Mostra-nos o Pai?" Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é que faz as obras. Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? Crede ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que faço e fará outras ainda maiores; porque vou para o Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, eu vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

Se me amais, guardais os meus mandamentos. E rogai ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque Ele ficará convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; virei a vós. Resta ainda pouco, depois já o mundo não me verá; mas ver-me-eis vós, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e que os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama, será amado de meu Pai e eu o amarei também e me manifestarei a ele."




Reflexões da homilia do domingo da ressurreição

Padre Fernando – Paroquia Militar do Corpo de Bombeiros (DF)
Fonte: Internet


“Na história do mundo só houve um caso em que se vedasse um túmulo com uma pedra e um selo e se montasse uma guarda para vigiá-lo para  se evitar que um defunto dali saísse. Foi justamente o caso de Jesus.
Que espetáculo poderia haver de mais patético do que os soldados vigiando um cadáver para que o morto não voltasse a andar, aquele que estava calado não voltasse a falar, o coração atravessado pela lança do centurião não voltasse a bater.
Diziam que estava morto, sabiam que estava morto. Diziam que não ressuscitaria e, no entanto, vigiavam. O fato de terem pedido uma guarda até o terceiro dia indicava que acreditavam mais nas palavras que Jesus havia dito que no temor de seu corpo ser roubado pelos apóstolos para fraudar uma ressureição. A guarda era pra prevenir violência e o selo era pra prevenir qualquer fraude. O certificado da morte e ressurreição de Cristo foi assinado por seus inimigos, não por seus amigos, o que ressalta ainda mais a sua veracidade. O mais curioso de tudo isto é que os inimigos de Cristo esperavam sua ressurreição, mas seus amigos não. Seus seguidores pediram provas antes de dar-se por convencidos. O caso, por exemplo, de Tomé. Parece que os discípulos e as mulheres se recordavam mais do que  Jesus havia dito de sua paixão do que daquilo que havia dito de sua ressurreição. Quando Cristo foi sepultado parecia que era sepultada também a esperança dos apóstolos e discípulos de vê-lo de novo. Tanto que as mulheres foram ao tumulo não para ver Jesus ressuscitado, senão para ungir o seu corpo com óleo e aromas. A ressurreição apesar de anunciada era algo que nunca esperaram. Tanto que quando chegaram lá e viram que a pedra havia sido retirada não concluíram que Jesus ressuscitou, senão que pensaram que seu corpo havia sido roubado. _Dom Fulton Sheen”
Utilizando a perspectiva histórica, notamos que a ressurreição de Cristo é um evento que ocorreu de uma dimensão definida de tempo e espaço. Will B. Smith, notável erudito e mestre, observa na obra  Christian apologetics: O significado da ressurreição é um assunto teológico, mas o fato da ressurreição é um assunto histórico. A natureza da ressurreição do corpo de Cristo pode ser um mistério, mas o fato de que o corpo desapareceu do tumulo é um assunto para ser decidido sobre uma evidencia histórica. O lugar possui uma definição  geográfica. O homem a quem pertencia o túmulo era um homem em que vivia na primeira metade do século primeiro. O tumulo era feito de pedra e ficava ao lado de uma colina próximo a Jerusalém. Os guardas colocados diante do tumulo não eram seres fictícios do monte Olimpo. O sinédrio era um corpo de homens que se encontravam frequentemente em Jerusalém como uma vasta literatura nos fala, esta pessoa, Jesus, era uma pessoa viva. Um homem entre outros homens e os discípulos  que saíram para pregar Jesus ressuscitado eram homens entre homens. Homens que se alimentaram, beberam, dormiram, sofreram, trabalharam e morreram. O que isto tem de doutrina? Este é um problema histórico.
Há três explicações para o sepulcro vazio: Os inimigos tomaram o corpo, os seus amigos tomaram o corpo ou Jesus ressuscitou. A primeira possibilidade é extremamente improvável porque seus inimigos certamente teriam exibido seu corpo se isso tivesse sido possível a fim de humilhar os seus discípulos e calar os rumores da ressurreição, bem como para cortar qualquer novo movimento religioso que pudesse ameaçar suas tradições mosaicas. É igualmente pouco provável que seus amigos tenham levado seu corpo porque depois da sua crucificação eles estavam extremamente decepcionados e desanimados e não acreditavam que ele ressuscitaria. É absurdo pensar que nessas condições eles inventaram esquema que roubavam seu corpo e depois contariam a história na qual obviamente não acreditavam.
[...]
O sepulcro de Jesus não foi venerado. Na nossa fé católica nós sabemos o endereço do túmulo de todos os santos exceto dois: Jesus e a Virgem Maria. Obviamente, nós que veneramos tanto as relíquias dos santos saberíamos do endereço das sepulturas de Jesus e Maria e isso não é o que ocorre.
[...]
A ressurreição é a prova mais cabal da divindade de Cristo. Por quê? Maomé fundou o islamismo e pode ter ensinado coisas muito bonitas, mas não ressuscitou. Buda morreu e não ressuscitou e ninguém mais que tenha fundado qualquer igreja morreu e ressuscitou. Jesus não tem em favor somente os seus milagres porque curandeiros tem havido ao longo da história. O próprio demônio tem o poder de curar. Então para nós, nunca um milagre é um sinal necessário e absoluto da ação de Deus.  Mas ressuscitar... o demônio não ressuscita. Então esse é o primeiro ponto. O segundo ponto significa a vitória de Jesus sobre a morte não só para si mesmo, senão que ele derrota a morte para todos nós. Ele morre em nosso lugar para que nós tenhamos a vida eterna. A boa noticia. A morte não dá a ultima palavra para o cristão. Nós sabemos que a alma continua, que existe vida após a morte e que aqueles que seguirem Jesus não padecerão a morte eterna, não irão para o inferno.[...]
Professar o espiritismo, caríssimos, joga por terra muitas verdades da nossa fé. Uma delas, que é revelada tanto no velho testamento como no novo testamento é a crença no inferno e no diabo porque no espiritismo não existe o inferno nem o diabo. No espiritismo existem espíritos atrasados. Existem lugares para esses espíritos atrasados que podem evoluir, podem daí sair, sendo que Jesus ensina que quem cair no inferno nunca mais de lá sairá. Agora o que acontece, por que a doutrina espirita nos seduz? Em primeiro lugar, porque somos apegados a este mundo e é apetecível a ideia de poder voltar a essa vida, poder  voltar a Fernando de Noronha, a voltar a comer camarão e lagosta, a voltar a namorar, poder voltar e fazer tanta coisa. Por isso no primeiro momento é agradável essa ideia.
[...] Quando Jesus estava morrendo um de cada lado, o quê que Dimas o bom ladrão disse pra Jesus? “Senhor lembra-te de mim quando entrares na tua glória.” O quê que Jesus respondeu? “Dimas, foi mal, não posso, você roubou, eu sou Deus, eu leio o seu coração e você não vai poder entrar no paraíso comigo. Você vai ter que voltar e pagar cada centavo.” (pensamento espírita) Foi isso que Jesus falou? Não. O quê que ele respondeu? “HOJE mesmo estarás comigo no paraíso.”
[...] Dimas reconhece ali na ultima hora, Jesus Cristo como senhor e por causa da sua humildade, do seu arrependimento, ainda que na ultima hora, Isso lhe é levado em conta e Dimas vai para o paraíso.
No próprio espiritismo se ensina que na realidade não é uma religião, mas uma filosofia, uma lei divina a qual todos estamos sujeitos, não importa a religião. E se diz que você pode ser um ou outro e de repente você chega no espiritismo e eles acolhem você. Dai você pensa “ah, muito melhor do que no catolicismo porque eles querem exclusividade, to dentro” [...]
Enveredamos no caminho do erro porque não conhecemos as Sagradas Escrituras.
[...]
Obs: Fiz algumas adaptações na linguagem para a norma padrão escrita, sem ficar muito coloquial, e só destaco isso para a data de hoje, mas o Pe. Fernando sempre dá explicações completas e se estende nos detalhes. Por isso omiti a parte final da homilia.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

MEDITAÇÃO PARA SEMANA SANTA

Segundo as visões de Catharina de Emmerich.

Obs: Escolhi as visões, ao invés do evangelho, porque no livro citado há mais diálogos por ela relatado que não há no evangelho. Servem, portanto, de complemento ao evangelho, apenas, para quem quiser se aprofundar. O livro consta de inúmeros detalhes que infelizmente selecionarei para não ficar muito extenso.

7. Instituição da Sagrada Eucaristia

Por ordem do Senhor, o mordomo pusera novamente a mesa e colocara-a um pouco mais alto e no meio, coberto de um tapete, sobre o qual estendera uma toalha vermelha e em cima desta, outra branca, bordada a crivo. Por baixo da mesma pôs um jarro de água e outro de vinho.

Pedro e João, indo à parte da sala onde era o forno do Cordeiro pascal, buscara, o cálice que haviam trazido da casa da Seráfia. Transportaram-no solenemente, dentro do invólucro [...]
Desde os antigos tempos reinava o costume de partir o pão e beber do mesmo cálice no fim do banquete; era sinal de fraternidade e amor, usado por ocasião de boa vinda e despedida. [...] Jesus, porém, elevou esse uso à dignidade do Santíssimo Sacramento. Até então tinha sido somente um rito simbólico e figurativo. Pela traição de Judas foi levado ao tribunal também a acusação de ter Jesus juntado alguma coisa nova às cerimônias da Páscoa; Nicodemos, porém, provou com trechos da Escritura Sagrada, que esse uso de despedida era muito antigo.

O lugar de Jesus era entre Pedro e João. As portas estavam fechadas; tudo se fez com solenidade misteriosa. Depois de se haver tirado do cálice o invólucro e levado à parte separada da sala, rezou Jesus, falando num tom solene. Vi que lhes explicava todas as santas cerimônias da última ceia; era como se um sacerdote ensinasse aos outros a santa Missa.

Em seguida tirou da bandeja em que estavam os casos, um tabuleiro corrediço, tomou o pano de linho que cobria o cálice e estendeu-o sobre o tabuleiro. Depois o vi tirar do cálice uma patena redonda e pô-la sobre o tabuleiro coberto. Tirou então os pães que estavam ao lado, num prato coberto com um pano de linho e colocou-os na patena diante de si.

Os pães, que tinham a forma de um quadrilátero oblongo, excediam dos dois lados a patena, cuja borda, porém, permanecia visível na largura. Em seguida, puxou para si o cálice, tirou dele um copinho, colocando também os seis copos pequenos à direita e esquerda do cálice. Depois benzeu o pão ázimo e, creio, também os óleos, que estavam ao lado, levantou a patena, em que estavam os pães ázimos, com ambas as mãos, olhou para o céu, rezou e ofereceu-o a Deus, pôs a patena no tabuleiro e cobriu-a. Depois tomou o cálice, mandou Pedro derramar vinho e João derramar água, que antes benzera e juntou ainda um pouco de água, que colheu com a colherzinha. Benzeu o cálice, levantou-o, ofereceu-o, rezando e colocou-o no tabuleiro.

Mandou a Pedro e João derramarem-Lhe água sobre as mãos, por cima do prato em que anteriormente foram postos os pães ázimos e, tirando  a colherzinha do pé do cálice, apanhou um pouco da água que lhe correra sobre as mãos e espargiu-a sobre as mãos dos dois Apóstolos. Depois passou o prato em redor da mesa e todos lavaram nele as mãos.
[...]
Durante esse santo ato tornou-se Jesus cada vez mais afetuoso; disse-lhes que agora queria dar-lhes tudo que tinha: sua própria pessoa. Era como se derramasse sobre eles todo o seu amor e vi-O  tornar-se transparente; parecia uma sombra luminosa.

Orando com esse amor, partiu o pão nas partes marcadas, as quais amontoou sobre a patena, em forma de pirâmide. Do primeiro bocado quebrou um pedacinho com a ponta dos dedos e deixou-o cair no cálice. No momento em que o fez, tive a impressão de que a SS. Virgem recebeu o Santo Sacramento espiritualmente, apesar de não estar ali presente. Não sei agora como o vi; mas pensei vê-la entrar pela porta, sem tocar no chão e aproximar-se de Jesus, do lado desocupado da mesa e receber o santo Sacramento em frente dEle; depois não a vi mais. Jesus dissera-lhe de manhã, em Betânia, que celebraria  a Páscoa junto com ela, marcando-lhe a hora em que, recolhida em oração, devia recebê-la espiritualmente.

O senhor rezou ainda e ensinou; todas as palavras lhe saíram da boca como fogo e luz entraram nos Apóstolos, com exceção de Judas. Depois tomou a patena com os bocados de pão (não sei mais se a tinha posto sobre o cálice e disse: "Tomais e comei, isto é o meu corpo, que será entregue por vós." Nisso estendeu a mão direita como para benzer e, enquanto assim fazia, saiu dEle um esplendor, suas palavras eram luminosas e também o era o pão que se precipitou na boca dos Apóstolos, como um corpo resplandecente; era como se Ele mesmo entrasse neles. Vi-os todos penetrados de luz; só Judas vi escuro. O Senhor deu o Sacramento primeiro a Pedro, depois a João; em seguida fez sinal a Judas para aproximar-se; foi o terceiro, a quem deu o SS. Sacramento. Mas a palavra do Cristo parecia recuar da boca do traidor.[..] Jesus, porém, disse-lhe: "Faze já o que queres fazer" e continuou a dar o Santo Sacramento aos Apóstolos, que se aproximaram dois a dois, segurando alternadamente, em frente um do outro, um pequeno pano engomado, bordado nos lados, o qual cobria o cálice.

Jesus levantou o cálice pelas duas argolas até a altura do rosto e pronunciou as palavras da consagração sobre ele. Nesse ato ficou transfigurado e como transparente, parecendo passar tudo o que lhes deu. Fez Pedro e João beberem do cálice, que segurava nas mãos, colocando-o depois na mesa; João passou com a colherzinha o SS. Sangue do cálice para os copinhos, que Pedro ofereceu aos Apóstolos, os quais beberam dois a dois de um copo. Creio, mas não tenho absoluta certeza, que Judas também participou do cálice; não voltou, porém, ao seu lugar mas saiu imediatamente do Cenáculo. Como Jesus lhe tivesse feito um sinal, pensaram os outros que o tivesse encarregado de algum negócio. Retirou-se sem ter rezado e feito a ação de graças, por onde se vê como é mau retirar-se sem ação de graças,  depois de tomar o pão quotidiano ou o Pão Eterno.

Durante toa a refeição, eu tinha visto ao pé de Judas a figura de um pequeno monstro vermelho e hediondo, cujo o era como um osso desarmado e que às vezes lhe subia até o coração. Quando saiu da casa, vi três demônios cercarem-no; um entrou-lhe na boca, outro empurrou-o pra frente e o terceiro correu-lhe à frente. Era noite e eles pareciam alumiá-lo; Judas corria como um louco.

8. Instruções secretas e consagrações

Jesus deu ainda instruções secretas. Disse aos Apóstolos que continuassem a consagrar e administrar o SS. Sacramento, até o fim do mundo. Ensinou-lhes as formas essenciais da administração e do uso do Sacramento e de que modo deviam gradualmente ensinar e publicar esse mistério; explicou-lhes quando deviam receber o resto das espécies consagradas e dá-lo à SS. Virgem e que deviam consagrar também o SS. Sacramento, depois de lhes ter enviado o Divino Consolador.
[...]

MEDITAÇÃO PARA SEMANA SANTA

Trechos resumidos das visões de Anna Catharina Emmerich



A Última Ceia
1. Preparativos para a ceia pascal:
(Quinta-feira Santa, 13 de Nisan ou 29 de Março; Jesus na idade de 33 anos, 18 semanas menos 1 dia)
Anna Catharina Emmerich - Wikimedia
Foi ontem à noite que se efetuou em Betânia a última e grande refeição de Nosso Senhor e dos seus amigos, em casa de Simão, curado da lepra por Jesus e durante a qual Maria Madalena ungiu Jesus pela última vez. Judas, indignado com isso, ocorreu a Jerusalém, onde negociou ainda uma vez com os príncipes dos sacerdotes, para entregar-lhes Jesus. Depois da refeição, voltou Jesus à casa de Lázaro e uma parte dos discípulos dirigiram-se à albergaria, situada fora de Betânia. [...]

Na manhã em que os dois Apóstolos andaram por Jerusalém, ocupados com os preparativos da Páscoa, Jesus se despediu muito comovido das santas mulheres, de Lázaro e de sua Mãe em Betânia, dando-lhes ainda algumas instruções e exortações.

Vi o senhor conversar com a Virgem SS. separadamente; disse-lhe, entre outras coisas, que tinha mandado a Pedro, o representante da fé, e João, o representante do amor, para prepararem a Páscoa em Jerusalém. [...]

[...] Judas tinha ido novamente de Betânia a Jerusalém, sob pretexto de fazer várias compras e pagamentos. [...] O traidor premeditou todos os passos que carecia dar, para que pudesse sempre explicar a sua ausência; não voltou para junto de Nosso Senhor, senão pouco antes de comerem o cordeiro pascal.

Quando Nosso Senhor comunicou à SS. Virgem o que havia de suceder, pediu ela de modo tocante que a deixasse morrer com Ele. Mas Jesus exortou-a a que mostrasse mais calma na dor do que as outras mulheres; disse-lhe também que ressuscitaria e lhe indicou o lugar onde lhe apareceria.

5. A última ceia pascal

Jesus e os seus comeram o cordeiro pascal no Cenáculo,divididos em três grupos de doze, dos quais cada um era presidido por um chefe, que fazia às vezes de pai de família. [...] A imolação do cordeiro destinado a Jesus e aos Apóstolos foi uma cerimônia singularmente tocante. [...] Os Apóstolos e os discípulos estavam também presentes, cantando o salmo 118. Jesus falou então de uma nova época, que começava; disse então que se devia cumprir o sacrifício de Moisés e a significação do cordeiro pascal simbólico; o cordeiro devia por isso ser imolado do mesmo modo que o do Egito, do qual só então o povo de Israel sairia verdadeiramente liberto.

Os vasos e tudo o que era precioso, estavam prontos; trouxeram um belo cordeirinho, ornado de uma grinalda, que foi tirada e enviada à SS. Virgem, que ficara com as santas mulheres em outra sala. [...]
Durante este ato, lhes ensinou solenemente e disse, entre outras coisas, que o Anjo exterminador passaria ali; que fizessem, porém, a adoração naquele lugar, sem medo e inquietação, depois dele, o verdadeiro Cordeiro pascal, ter sido imolado; começaria um tempo e um sacrifício novo, que duraria até o fim do mundo.[...]

A princípio Jesus conversou muito amavelmente com os Apóstolos, enquanto ceavam; mas depois se tornou mais sério e triste. "Um de vós me atraiçoará, disse, cuja mão está comigo à mesma mesa." Jesus serviu alface, de que havia só um prato, àquele que lhe estavam ao lado; encarregou a Judas, que lhe ficava quase em frente, de distribui-la pelo outro lado, Os Apóstolos assustaram-se muito, quando Jesus falou do traidor, dizendo: "Um que está comigo à mesma mesa" [...]

6. O Lava-pés

Jesus, que estava no vestíbulo, deu ordem a João para tomar uma bacia e a Tiago o Menor para trazer um odre cheio de água, transportando-o diante do peito, de modo que o bocal pendesse sobre o braço. Depois de ter derramado água do odre na bacia, mandou que os dois O seguissem à sala, onde o mordomo tinha posto no meio outra bacia maior, vazia.

Entrando pela porta da sala, de forma humilde, Jesus censurou os Apóstolos em poucas palavras, por causa da discussão havida antes entre eles, dizendo, entre outras coisas, que Ele mesmo queria servir-lhes de criado, que tomassem os assentos, para que lhes lavasse os pés; Então se sentaram, na mesma ordem em que foram colocados à mesa, tendo sido os assentos dispostos em semicírculo. Jesus, indo de um a outro, derramou-lhes sobre os pés água da bacia, que João sucessivamente colocava sob os pés de cada um. Depois tomava o Mestre a extremidade da toalha de linho, com que estava cingido e enxugava-lhes os pés com ambas as mãos. Em seguida se aproximava, com Tiago, do Apóstolo seguinte. João esvaziava de cada vez a água usada, na grande bacia que estava no meio da sala e Jesus enchia de novo a bacia, com água do odre que Tiago segurava, derramando-a sobre os pés do Apóstolo e enxugando-lhos.



O Senhor, que durante toda a ceia pascal se mostrara singularmente afetuoso, desempenhou-se também desta humilde função com o mais tocante amor. Não o fazia como uma cerimônia, mas como ato santo de caridade, exprimindo nele todo o seu amor.

Quando chegou a Pedro, este quis recusar, dizendo: "Senhor, Vós me quereis lavar os pés?". Disse, porém, o Senhor: "Agora não entendes o que faço, mas entendê-lo-á no futuro," Pareceu-me que lhe disse em particular: " Simão, tens merecido aprender de meu Pai quem sou eu, donde venho e para onde vou; só tu O tens conhecido e confessado; por isso, construirei sobre ti  a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. O meu poder há de ficar também com os teus sucessores, até o fim do mundo." Jesus indicou-o aos outros, dizendo-lhes que Pedro devia substitui-lo na administração e no governo da Igreja, quando Ele tivesse saído deste mundo. Pedro, porém, disse: "Vós não me lavareis jamais os pés." O Senhor respondeu-lhe: "Se eu não vos lavar, não terás parte em mim." Então lhe disse Pedro: "Senhor, não me  lavareis somente os pés, mas também as mãos e a cabeça." Jesus respondeu: "Quem foi lavado, é puro no mais; não é preciso lavar senão os pés; Vós também estais limpos, mas não todos." Com estas palavras referiu-se a Judas.

Jesus, ensinando sobre o lava-pés, disse que era uma purificação das faltas quotidianas. porque os pés. caminhando descuidadosamente na terra, se sujavam continuamente.
Esse banho dos pés era espiritual e uma espécie de absolvição. Pedro, porém, viu nele apenas uma humilhação muito grande para o Mestre; não sabia que Jesus, para salvá-lo e aos outros homens, se humilharia na manhã seguinte até à morte ignominiosa da Cruz.


Quando Jesus lavou os pés de Judas, mostrou-lhe uma afeição comovedora; aproximou o rosto dos pés do Apóstolo infiel, disse-lhe muito baixo que se arrependesse, pois que já por um ano pensava em tornar-se infiel e traidor. Judas, porém, parecia não querer perceber e falava com João. Pedro irritou-se com isso e disse-lhe: "Judas, o Mestre fala-te." Então disse Judas algumas palavras vagas e evasivas a Jesus, como: "Senhor, tal coisa nunca farei."

Os outros não perceberam as palavras que Jesus dissera a Judas, pois falara baixo e eles não prestaram atenção, estavam ocupados em calçar as sandálias. Nada, em toda a Paixão, afligiu tão profundamente o Senhor como a traição de Judas. Jesus lavou depois ainda os pés de João e Tiago.


Jesus ensinou ainda sobre humildade, dizendo que aquele que servia aos outros era o maior de todos e que dali em diante deviam lavar humildemente os pés uns aos outros; tocou ainda na discussão sobre qual deles havia de ser  maior, dizendo muitas coisas que se encontraram também no Evangelho.

"Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque o sou. Se eu, sendo vosso Senhor e Mestre, vos laveis os pés, logo deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu disse, assim façais vós também. Em verdade, em verdade, vos digo: não é o servo maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis se também as praticardes.



Não digo isto de todos vós, sei os que tenho escolhido; mas é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: "O que come o pão comigo, levantará contra mim o calcanhar." Desde agora vos digo, antes que suceda; para que, quando suceder, creias que sou eu. Em verdade, em verdade vos digo: O que recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e o que me recebe a mim, recebe Aquele que me enviou." (Jo, 13, 12-20)

Jesus vestiu de novo as vestes. Os Apóstolos desenrolaram também as vestes, que antes tinham arregaçado, para comer o cordeiro pascal.
[continua...]

Fonte do livro: Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus. Cap. 2

domingo, 6 de abril de 2014

Crer ou não crer que Jesus é Deus.


A necessidade que sinto em divulgar os exorcismos da literatura católica vem da tentativa de trazer à tona uma realidade escondida e que de certa forma nos revela a sacralidade dos ritos, do poder dado por Deus aos sacerdotes, do modo operandi de Deus ao permitir uma possessão e ainda nos revela o modo de agir de Satanás e sim, a sua existência.

O engano de tantas religiões poderia ser desmascarado na medida em que se desmascara a realidade dos espíritos malignos. Alguns aceitam imaginar que são apenas espíritos humanos maus, mas não se aprofundam. No exorcismo está claro qual é a natureza dos demônios, onde eles estão, como eles atuam. Não são espíritos malignos que não "fizeram a passagem" ou com "muitas pendências". O padre Gabrielle Amorth¹ fala sobre isso:


Não existem espíritos bons fora dos anjos: nem existem espíritos maus fora dos demônios[...] Os defuntos que se apresentam nas sessões de espiritismo, ou as almas de defuntos presentes nos seres vivos, para os atormentar, não são senão demônios.

Portanto, não acreditem em fantasmas vagando por aí te assustando como nos filmes, mas (nada de ufa) outros fenômenos e espíritos sendo invocados. Uma das constatações que obtive ao ler tais relatos de padres exorcistas foi a de que demônios não só atuam com maldades propriamente ditas, mas também enganando as pessoas a respeito da verdade, deturpando-a com falsas realidades, falsas crenças, falsos dons, falsas aparições, falsas devoções, tanto no meio católico quanto nos meios em que se depara com o sobrenatural, como por exemplo, candomblé, feitiçaria e bruxarias, espiritismo e seus fenômenos paranormais de mediunidade. Com isso, meus caros irmãos e irmãs, a confusão está feita e o homem acaba experimentando de tudo um pouco. Acabam usando de tais práticas para a fundamentação de suas crenças que quero frisar, não são iguais, mas parecidas com os fenômenos que ocorrem em ambiente católico. 

A Igreja se fundamentou no Novo Testamento e não obrigatoriamente no que veio depois dele. Estou querendo dizer que a Doutrina Católica não é fundamentada em sua base nos fenômenos milagreiros ou sobrenaturais posteriores a Jesus, aos apóstolos. A Igreja se enriquece, mas não diz assim "cremos porque vemos", na verdade diz "cremos porque temos fé". Jesus precisou demonstrar alguns milagres para o povo crer que Ele era enviado de Deus, exemplo do evangelho meditado hoje, a 2 semanas da Pascoa, o milagre de Jesus em ressuscitar Lázaro.

Imagina se a Igreja dissesse "vocês têm que crer porque a santa joana operou um milagre" ou porque "o homem tal ouviu dos mortos que é assim". Se assim fosse em Roma, se assim o Papa se referisse então, no que o espiritismo se diferenciaria do catolicismo? O que um tem que o outro não tem?Cura tem, dons especiais tem! Se a Igreja atesta sua credibilidade nos fatos sobrenaturais então, o espiritismo e outros passam a ter a mesma legitimidade. Essa é a pura constatação de Satanás. Ele deve ter pensado, "funcionou com Cristo, funcionará comigo, e os homens me adorarão ou não adorarão mais Ele porque vão acreditar nas mentiras que eu contar". Se a Palavra de Jesus e sua vida publica (milagres e curas) eram a isca para pescar os homens, Satanas passou a atrair os homens usando a mesma formula para pregar uma doutrina obscura que tira Jesus de seu lugar, confunde os homens com coisas sobrenaturais, dá poder a certos homens e pronto. Isso acontece no espiritismo, no meio evangelico, entre os mórmons, no candomblé.

Por isso, que Jesus deixa bem claro desde o começo a que veio, mostrando ser o fundamento de nossa fé, a redenção dos homens, ele veio para salvar. Ponto. Ensinou, converteu com milagres para o povo crer, mas o que ele deixou para a posteridade não foram esses milagres. Os milagres foram o anzol e a isca para pescar os homens, como ele mesmo refere-se a si mesmo. O que ele deixou foi a cruz, a vitoria sobre a morte e a ressurreição. Ponto. E é isso que diferencia o catolicismo de TODAS as outras religiões, credos, um FATO que hoje é posto em dúvida, em descrédito. E o que acontece é que por não crerem nisso, por colocarem o ponto como passivo de discussão e não de fé, acabam se perdendo em debates filosóficos que não chegam à Verdade que Cristo revela.

Sabiamente, a Igreja não toma por dogma de fé, isto é, aquilo que seus fiéis entendem como "Ponto", é crível, é de fé, as revelações, milagres e dons pós Cristo. A Igreja aceita, estuda, dá sua palavra de credibilidade, mas não dogmatiza, em miúdos, ninguém é obrigado a acreditar se não quiser nem será ex-comungado. Um dogma por exemplo, é a constatação que Jesus é Deus. Isto porque leu, estudou, interpretou e confirmou ao longo dos anos que era aquilo mesmo que estava nos livros nos evangelhos anunciado nos livros do antigo testamento. Para o espiritismo e o resto das religiões, Jesus não é Deus, não se baseiam nos livros dos evangelhos, nem nos profetas antigos e pela negação dos dogmas da Igreja Católica criam suas crenças ou práticas. Por isso que no caso de algumas praticas religiosas ou de espiritualidade não é possível haver diálogo, por isso não haverá união de credos ou culto ecumênico entre igrejas, que discordam quanto a Cristo no ponto crucial no que diz respeito a responder ao que veio Jesus, o que fez e para onde foi. 

Já não podemos fazer as mesmas comparações com as religiões orientais ou práticas orientais que têm outra cultura como fundamento, apesar de Israel estar mais próxima de lá do que de cá. Incrível, não? 

Retomando o tópico principal dos exorcismos gravados ou transcritos, estes são documentos de nossa época, estamos atravessando-a agora e cabe a nós aproveitar isso.Examinemos as atuais, o que é que se pode aprender com os exorcismos, com o ritual? Apesar de que as respostas para esta pergunta não fundamentam a Igreja para sua existência, para crer em Cristo. Ela crê na palavra dos apóstolos, que estiveram com Jesus, e os papas que vieram depois e nos grandes doutores da Igreja que elucidaram os evangelhos.

Embora não sejam dogmas de fé ( fundamentos), os exorcismos podem exercer a função de isca para atrair as pessoas para voltarem a ter fé no poder de Cristo e sua cruz, podem ser um raio de luz para os ateus, pois o Sol para os católicos é Jesus Cristo que ilumina nossos caminhos (para chegar à vida eterna), nossas ações (como), nossa fé (os porquês), nossos corações (virtudes). Só há um Cristianismo, no qual o nome já diz que é centrado em Cristo, que adora a Deus nas pessoas de Cristo e na pessoa do Espirito Santo. Não há outro Cristianismo senão esse.

¹Um Exorcista Conta-nos, 2012, p. 36